Grande sofrimento em 26 de Abril para concluir o "tramo livre" da primeira Marcha do Circuito Provincial de Sevilha.
O Inverno rigoroso deste ano impossibilitou-me de estar em boas condições para este início de época. Dos 69 quilos do ano passado cheguei aos 78 até há 2 semanas. Recuperei até aos 75 mas estou claramente muito mal. E não é só peso a mais. É falta de forma que se reflectiu em ácido láctico nos músculos das pernas.
Para ajudar, fui apanhado nas teias dos resfriados que grassam lá no trabalho, e estive com tosse nas últimas semanas. Tomei tantos medicamentos que sentia que estava a ficar debilitado por eles, e comecei a tomar vitaminas e minerais para recuperar. Mas o pior só se anunciaria em plena corrida...
A Marcha de Guillena, organizada pelo Club Ciclista Giralda e este ano na sua 3ª edição, passa a integrar um denominado Circuito de Marchas Cicloturistas por la Província de Sevilla con Tramo Libre, composto por sete etapas, a saber: Guillena, Brenes, Puebla de Cazalla, Espartinas, Fuentes de Andalucía, Lora del Río e Carmona. A classificação é atribuída por sistema de pontos, segundo a ordem de chegada à meta, por ordem inversa. Ou seja, ganha aquele que fizer menos pontos.
Parti para esta Marcha com um companheiro de estalo: o Mário de Messines!!! Estava decidido a estrear as suas rodas de carbono novas, sapatos XPTO, corrente com brilho de nunca ter sentido o pó da estrada. E uma fatiota toda "chic" do seu nóvel clube: Ferrari Club de Lisboa...
Às 4 da manhã, quando o despertador tocou, o dia prometia: chovia a potes...Seria que valia a pena? Mas não podia desapontar o Mário...Tinha mesmo que por-me a caminho...
Chegámos a Guillena e a chuva não parava. A maioria dos inscritos não estava disposta a fazer-se à estrada.
O comité organizador optou por não cancelar a corrida, por respeito aos que viajaram de muito longe, mas decidiu não penalizar aqueles que se apresentaram em Guillena, mas que não estavam decididos a correr, atribuindo-lhes uma pontuação simbólica. Mas é claro que a não participação de um grande número de ciclistas foi prejudicial para mim: só os que acreditavam estar em condições de ganhar é que iriam montar as bicicletas.
E cedo se verificou que os menos habilitados não tinham condições para estar naquela corrida. Um após outro foram desistindo, e subitamente, quando julgava estar bem colocado no pelotão, por serem poucos os que seguiam à minha frente, senti que os carros de apoio estavam directamente atrás de mim. Ou seja, estava em último. E com enormes dificuldades para seguir no reduzido pelotão.
Até que me vi completamente só! E o fosso a cavar-se cada vez mais entre eles e eu. Só que, para pontuar tinha que chegar à meta do "tramo livre". Comecei a ficar exausto, correr sem um pelotão é muito mais difícil. Comecei a sentir o vento de frente e tornar-se tudo muito mais duro. A partir desse momento o esforço passou a ser descomunal. E o pior chegou: fui operado às hérnias no ano passado, e tenho sempre sentido dores nos testículos desde então, mesmo quando treino. Mas submetendo-me a um tão grande esforço as dores tornaram-se atrozes, doía-me o baixo-ventre, já não conseguia sentar-me no selim. Começou também a doer-me a perna direita, só queria ver a meta, mas os quilómetros pareciam ser dez vezes mais compridos que o normal. E a estrada empinava, empinava sempre. Sofrimento, frustração, desilusão...Ninguém consegue imaginar quanto sofri...
Não sei como vai ser daqui para a frente. Chegado a Albufeira fui ao meu médico, que me remeteu para o hospital onde me operaram. Só os treinos dos próximos dias dirão se consigo continuar. Vamos a ver...
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