segunda-feira, 24 de agosto de 2009

132 - CERVEJAS E BACALHAU

De profissão sou cozinheiro. E é uma coisa que levo muito a sério, se bem que sucessivos patrões com poucos escrúpulos me tenham levado a perder cada vez mais o interesse que sempre tive por esta maravilhosa actividade.

Há uns anos trabalhei numa casa muito especial, onde tive a oportunidade de cozinhar ao vivo, contando histórias, e fazer alguns dos pratos mais emblemáticos da cozinha portuguesa. Os comensais eram na generalidade alemães ou germanófilos, se bem que sempre houvessem alguns de outras línguas. O facto de falar muito bem o alemão e de me poder exprimir razoavelmente noutras línguas, permitia-me ir explicando aos convivas os pormenores técnicos dos pratos que estava a confeccionar, mas também contar alguma estória que ilustrasse o que estava a cozinhar , não só para manter o interesse dos clientes acerca do que eu estava a fazer, mas também para poder partilhar um pouco da nossa História Gastronómica e da nossa Cultura com eles.

Uma vez por mês cozinhava bacalhau, quase sempre "à Brás", por ser de mais fácil aceitação para quem à partida teria muitas reticências em provar tal coisa.

E iniciava a minha prédica dizendo-lhes que era um grande adepto do Ciclismo, que gostava de andar de bicicleta, e que seguia com regularidade o que se passava no Ciclismo internacional. Seguidamente mostrava~lhes esta fotografia:



Perguntava: "conhecem este homem?". Ao que todos afirmavam orgulhosamente que sim, que era Jan Ullrich, na altura a maior glória do ciclismo teutónico. Depois mostrava esta outra:

Erik Zabel estava no coração dos alemães. Para além do maior sprinter do Mundo era muito querido pela sua humildade e simpatia.

Até ao momento os convivas já tinham percebido que eu gostava de Ciclismo, mas ainda não podiam relacionar aquela conversa com o bacalhau. Ao que eu lhes explicava que para além destes grandes ciclistas outros havia na Alemanha, menos conhecidos, mas que formavam o grosso do pelotão alemão. Haviam equipas chamadas


uma marca de cerveja muito apreciada em toda a Alemanha, mas também

a Rothaus Pils, uma marca vendida mais a nível regional, mas que patrocinava uma equipa de sub-23 ou a Cerveja Brinkhoff's nr 1, onde despontaram campeões como Linus Gerdemann, que viria a ser Camisola Amarela na Volta à França, os irmãos Markus e Thomas Fothen, um deles Campeão do Mundo sub-23 ou o Campeão Nacional Fabian Wegmann.



Por outro lado se na Alemanha haviam tantas equipas patrocinadas por marcas de cerveja no nosso país haviam as seguintes:a Riberalves - Boavista, equipa do Professor José Santos patrocinada pelo Bacalhau Riberalves e a Barbot Pascoal, aqui representada por Sérgio Ribeiro, sua maior glória, e sponsorizada pelo Bacalhau Pascoal, o que significa que "cada roca com seu fuso, cada terra com seu uso", se na Alemanha era vulgar a cerveja aparecer no quotidiano das pessoas, em Portugal era o bacalhau que dominava culturalmente, intrinsicamente ligado aos nossos hábitos e ao nosso gosto.

É claro que este intróito só servia para dar origem a uma explanação mais vasta da importância que o bacalhau representa para os portugueses, e do factor determinante no sentimento de unidade nacional que nos une do Minho ao Algarve.


E pronto, assim se falou de cervejas e bacalhau num blogue de ciclismo. O Bacalhau à Brás está na mesa




Façam o favor de se servirem, não acompanhado com as ditas bejecas, que para nós passam melhor com outras coisas, mas antes com um branco alentejano.


BOM APETITE !!! GUTEN APPETIT !!!

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