A etapa de hoje da Volta à Espanha trouxe-me à memória gratas recordações de há três anos atrás, quando me decidi ir até Almería, para participar na 1ª Etapa de la Vuelta a España, num percurso quase igual ao de hoje.
Quem pôde ver na TV a serpenteante estrada até ao Calar Alto e depois até ao Velefique, pode imaginar o difícil que terá sido para mim, quase com 50 anos, numa bicicleta pesando 11 quilos e 400 gr, em aço, fazer o mesmo percurso que os profissionais.
Tinha trocado uma pesadíssima bicicleta de supermercado por aquela Cinelli com mais de 20 anos, comprada em 3ª ou 4º mão a um colega de trabalho, mas que me parecia super-leve em comparação com a outra, e nem sequer imaginava que haviam bicicletas muito mais leves.
Não tinha a menor noção do que me estava a meter: julgava que por ter subido a Serra da Estrela estava preparado para o que der e vier. E podem crer que foi uma jornada terrível, de muito, muito sofrimento. Como podem ver na fotografia a estrada não parava de subir. As cãibras a darem dores lancinantes, a bicicleta parecia chumbo.
O percurso foi ao contrário de hoje: passámos o Velefique, descemos, subimos ao Calar Alto. Na descida o sofrimento ainda era maior, o frio gelava até os ossos...Trovoada, a chuva a tapar a visão, relâmpagos mesmo em frente dos nossos olhos, trovões a ribombarem mesmo em cima das nossas cabeças.
Mais de metade dos concorrentes desistiram, o que dá para ver como foi duro.
Entre os participantes um de Cascais, um de Bragança, um de Messines e cinco dos célebres "Montanelas" de Boliqueime, um dos quais, o Desidério, ganhou a sua categoria.
Mas não foram só dificuldades. Houve também muito deslumbramento para quem nunca tinha participado numa cicloturista com tal envergadura. Dorsal, camisola comemorativa, abastecimento apeado e em movimento, a partir de motos da organização, almoço volante à chegada, autocarros para nos levar de volta a Almería, correr ao lado de ex-profissionais, como Abraham Olano e Miguel Induráin, organização do melhor...
Naquele dia nasceu o bichinho que haveria de me levar muitas mais vezes a correr em Espanha.
O que relata neste episódio dá para perceber bem a diferença entre as marchas cicloturisticas espanholas e a maioria dos cicloturismos Portugueses!!
ResponderEliminarInteressante!!!
És o meu orgulho Chefe Santos :)
ResponderEliminarUm beijinho da filha (que se lembra do dia que compraste a bicicleta de supermercado,
Pat :)