terça-feira, 20 de abril de 2010

171 - DO CAMPO BRANCO AO MAR.





















































Dizia-me uma vez o meu amigo Paulo Espada, de Vila Real de Santo António: "tu sabes qual é a grande diferença entre os passeios de Portugal e Espanha. Competição! É isso é que marca a diferença, é por isso que gostamos de ir lá, é por isso que aqui em Portugal não é interessante".

As coisas estão a mudar em Portugal. Nota-se, pouco a pouco, que quem organiza os passeios de cicloturismo já entendeu que a malta gostaria de um pouco de competição. A diferença entre cicloturismo e ciclismo. Gostamos dos passeios de cicloturismo, mas o que nos move é o ciclismo. Para passeios de cicloturismo não precisamos de uma bicicleta de corrida, nem roupa aerodinâmica de licra.

É claro que a haver competição nos nossos eventos isso só se pode resumir a qualquer coisa como 10 ou 20 por cento do total de um passeio, ou algo muito específico como o Portimão - Fóia. A competição não tem necessariamente de ser com atribuição de troféus ou diplomas, a maior parte das vezes competimos contra nós próprios, para testarmos até quanto somos capazes. É a emoção de ultrapassar outro, é o constatar que seguindo na roda de alguém podemos aguentar mais e ir mais longe, é o verificar que somos bons a rolar e péssimos a subir, é o compreender que não treinámos o suficiente, temos cãibras e não aguentamos o ritmo dos outros, é o sentir que deixámos criar um espaço em relação ao pelotão e que isso é fatal, começamos a perder terreno e o espaço torna-se cada vez maior, esforçamo-nos desumanamente para fechar esse espaço e acabamos rebentados. Aprender com os erros e tentar fazer melhor da próxima vez. Isso é ciclismo, é disso que gostamos, e só a competição (naturalmente que em doses comedidas, já não somos novos, e não somos profissionais) nos pode fazer sentir ciclistas. Imitar os nossos ídolos (porque não? Afinal de contas nós podemos correr nos mesmos cenários dos nossos heróis, eu já corri com Marco Chagas, Joaquim Gomes, Filipe Cardoso, Samuel Caldeira, André Cardoso, Paco Mancebo, Óscar Sevilla, Joaquim Andrade, Pablo Lastras, Abraham Olano, etc. Poucos dos amantes do futebol terão tido oportunidade de jogar com o Cristiano Ronaldo), viver as mesmas experiências daqueles que admiramos, quando na televisão sobem a Serra da Estrela ou disputam um sprint. Também queremos subir serras e disputar sprints, usar das mesmas tácticas e das mesmas técnicas. É por isso que compramos bicicletas de corrida e jerseys iguais aos profissionais. É por isso que nos levantamos ao domingo às 7 da manhã para ir correr 160 quilómetros, para treinarmos e sabermos que estamos em forma.

Foi por isso também que no domingo passado se apresentou à partida em Castro Verde um numeroso grupo de obstinados amantes do ciclismo, sabendo de antemão que ia correr toda a manhã debaixo de uma imensa trovoada. Bem podiam ter ficado na cama, já que iria trovejar todo o dia. Bem podiam ter passado a tarde a ver a Amstel Gold Race na televisão. Bem podiam ter optado por um treinozeco de duas horas nas redondezas, ou mesmo por um "passeio" de cicloturismo, que o havia nesse dia. Mas não, fizeram~se à estrada para competir, lutar contra os outros e contra si próprios, contra a estrada, contra o vento e contra a chuva.

No final não houve vencedores. Nem vencidos. Todos os que terminaram, e muitos não foram capazes de terminar, se sentiam imensamente felizes por terem disputado uma corrida a sério. Não houve troféus, nem diplomas. Houve o habitual almoço, onde se conviveu como de costume, onde se trocaram estórias e risos. Boa disposição e o sentimento de nos sentirmos ciclistas. Por um dia, sim senhor, tarde na nossa vida, mas sim ciclistas e não cicloturistas. E que as bicicletas de corrida e os equipamentos de licra tinham realmente um sentido.

NOTA: As fotos distorcidas são mesmo assim. Para se ver como foi o dilúvio por que passámos nesse dia.

terça-feira, 13 de abril de 2010

170 - CORRE-SE RÁPIDO NO SOTAVENTO.


































































Ciclistas do GD de Amaro Gonçalves, Conceição de Tavira, Galitos de Vª Real de Sº António, Sº Estêvão, GC Cacelense, Trepadores da Figueira, Alturense, NC da Luz de Tavira, do clube anfitrião Campesino do Monte Francisco, Monte Figo Team, Escola EB 2/3 de Castro Marim, Renascente se São Teotónio, NS de Moncarapacho, Amigos da Felfosa, Clube Oriental do Pechão, Àguias do Guadiana e, imagine-se, do G.L.S da Póvoa do Lanhoso largaram numa manhã muito fria, mas que com o pedalar se revelou afinal soalheira, para uma inesquecível jornada de bom cicloturismo e grande companheirismo.Corre-se rápido no Sotavento, quase à semelhança da vizinha Espanha. Na primeira metade do percurso, na serra algarvia, foi com alguma dificuldade que se passaram os muitos relevos que obrigavam os da frente a ter que abrandar, para reagrupar o pelotão. O som que mais se ouvia era o do silêncio, tal a dificuldade com que se iam superando as subidas. Esta prova tinha dois atractivos principais: o abastecimento, efectuado a bordo do ferry para Espanha, e a possibilidade, nova para a maioria, de pedalar em terra de "nuestros hermanos", bem como a de travessar pedalando, a ponte sobre o Guadiana, que em circunstâncias normais nunca seria possível.Deixo aqui dois pequenos reparos aos organizadores: primeiro, não devem permitir cicloturistas sem capacete. Segundo, porque é que não foi possível ter companheiros do outro lado do Guadiana? Será que a fronteira faz com que o Mundo termine ali? Há muitas equipas do outro lado, são gente que gosta do cicloturismo como nós, eu mesmo já corri várias vezes em Ayamonte, Lepe, Cartaya, Isla Cristina, Villablanca, etc. Sempre fui bem recebido e tratado com carinho. Se é possível que eles venham correr no passeio do meu clube, em Albufeira, mais fácil será ir ao Monte Francisco, é só um pequeno passo.Foi grande a afluência de senhoras a esta corrida. E vê-se que correm de maneira inteligente. Sempre bem colocadas no pelotão, nunca se deixam surpreender, ao contrário de muitos homens.A jornada terminou com um espectacular porco assado no espeto e distribuição de recordações, numa exemplar organização do clube do Monte Francisco.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

169 - 10ª CLÁSSICA PORTIMÃO - FÓIA.


Já temos percurso para a minha prova favorita.

O Centro de Ciclismo de Portimão definiu o dia 6 de Junho, com concentração no Clube da Pedra Mourinha pelas 7 horas e partida da primeira equipa às 8 horas.

Depois da extrema dureza do ano passado volta-se ao percurso de há 3 anos, com passagem e abastecimento no Alferce. São 55 km de alguma dureza, mas que por serem em roda livre se tornam espectaculares.

O almoço será servido às 13h30, ao que se seguirá uma entrega de lembranças aos participantes.

O preço será de 10 euros, sendo que quem não tiver seguro pagará mais 2, e quem não desejar almoçar só terá que desembolsar 2,50 euros.

No ano passado participou a equipa do Club de Ciclismo de Espartinas, de Sevilha e o meu bom amigo Manuel Cascales Jiménez, da Peña Ciclista de Lora del Río, tornando esta prova um acontecimento internacional. Seria interessante que o Centro de Ciclismo de Portimão retribuísse a visita dos companheiros espanhóis, aquando da sua Marcha no domingo a seguir a este Portimão - Fóia.
Para informações e inscrições contactar:
Associação de Ciclismo do Algarve - 289 463 628
Carlos Cruz - 966 007 703
Vítor Neto - 917 269 475

168 - CINCO ANOS NA BICICLETA


QUE SÃO CINCO ANOS NA VIDA DE UM CICLOTURISTA? AVENTURAS, MONTANHAS, VENTO, CALOR, PRATO GRANDE, CADÊNCIA, FRIO, SUOR, FUROS, EMOÇÃO, ALEGRIA, DECEPÇÃO, VIAGENS, PASSEIOS, CORRIDAS, GRUPETA, CAMISOLA, CURVA EM FERRADURA, RECTA, CAPACETE, BARRITAS, BIDON, CHUVA, ÁCIDO LÁCTICO, QUEDAS, CÃIBRAS, NATUREZA, ASFALTO, PAIXÃO, SUBIDA, SPRINT, SONHOS, ESTÓRIAS, GENTE, ALMOÇOS, BATALHAS, ANEDOTAS, QUILÓMETROS E MAIS QUILÓMETROS.
Não sou dos que nasceram já ciclistas.Só tenho uma bicicleta há cinco anos. Tinha quase cinquenta quando a vida me proporcionou a possibilidade de comprar uma bicicleta de corrida e ter folga aos domingos. Tenho agora duas bicicletas, trinta camisolas, a maior parte delas ganhas com o meu suor nas corridas, duas operações às hérnias inguinais, uma vida cheia de emoções e muitos mais amigos.Sensações e recordações...

Almería, Calar Alto, Vuelta a España, Joanesburgo, Zafra, dormir em bombas de gasolina, Sesimbra-Algarve, Messinense, Mário, Etapa da Volta, Cinelli, Fóia, João Dias, Cycloweb, Huelva, Conor WRC, Isla Cristina, Espartinas, D. Manuel Carrasco, Portimão-Fóia, Juventude Desportiva das Fontaínhas, Tino, Alto do Malhão, acordar às quatro da manhã, conduzir de noite, bicicleta no avião, Serra da Estrela, Felgueiras, Vila Real, a Mónica e o Serra, Inatel de Manteigas, Andorra, neve, frio, o Necas, o João Felizardo, Cláudio Faria, Jesús Rosendo, o Juan de Huelva, Javier Ramírez Abeja, Lora del Río, Manuel Cascales, Granada, a minha mulher, Pico Veleta, Málaga, André Miltenburg, Los Barrios, Puerto de Santa María, o meu filho, Daryl Impey, hotel barato, Senhora da Graça, entrevista à televisão espanhola, troféus, Carlos Cruz, oficina de bicicletas, Brenes, Fuentes de Andalucía, Chiqui, pedalar na autoestrada, 43 graus, casamento, Guillena, Montehermoso, Tavira, Portimão, Sporting de Portimão, Riccione, Hotel Dory, Marco Pantani, San Marino, Montescudo, Scott CRI PRO, Paco Mancebo, Óscar Sevilla, Pablo Lastras, Carmona, Ávila Rojas, dores nas costas, Almodôvar, Circuito de Sevilla, Alejandro, José Duarte, João Espada, Viseu, Caramulo, tatuagem, Almeirim, homenagem, blogue, Nuno Ribeiro, Marco Morais, dilúvio, duches de agua fria, paella, Pedalier, Biciclismo, Ciclismo en Ruta, Ciclismo a Fondo, amizade, sofrimento, desespero, esforço, longe, solidão, olhos a arder com suor, contra-relógio, operação, fotografar pedalando, liberdade.