sexta-feira, 29 de outubro de 2010
209 - AUDACE DE PORTIMÃO MUDA DE DATA.
Recorde-se que este é um evento de roda livre, mas sem objectivos de competição, onde cada um faz o percurso segundo a sua vontade, podendo rolar mais depressa ou mais devagar. A ideia é cada um sentir-se realizado por ter conseguido superar uma prova bastante difícil, mas sem a pressão de ter que correr até à exaustão.
Entretanto, já no domingo, dia 31, corre-se o "Caminhos do Infante", organizado pelo Ciclo Clube de Lagos, em velocidade moderada, mas ainda assim muito atractiva, de 25 km/h.
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
208 - ESTRANGEIRO NA PRÓPRIA TERRA.
É um tanto perigoso quando se junta assim tanta gente. Não sei exactamente se é preferível estar à frente ou atrás no pelotão. No meio é que não. Especialmente quando o carro que abre a corrida abranda de velocidade, ou antes de uma rotunda. Tivemos que travar a fundo muitas vezes, e houve mesmo algumas quedas feias.
Mas este facto de participar tanta gente era um dos motivos que me levava a querer participar neste passeio, integrado no FestivalBike, a feira de ciclismo de Santarém. Tinha curiosidade em saber como era fazer parte duma festa tão grande.
Queria ir a Santarém à feira. E juntando o útil ao agradável, resolvi participar num dos passeios promovidos pelas associações. A Batalha, ponto de partida do passeio promovido pela Federação Portuguesa de Ciclismo, ficava muito longe, pelo que decidi partir de Lisboa, juntando-me ao grupo organizado pela FPCUB. Isto possibilitava-me também reunir-me com a família, e tornava as coisas mais fáceis para a minha esposa, que seria o meu apoio logístico.
Não me apercebi que fossem assim tantos cicloturistas quando se deu o sinal de partida, mas quando pretendi chegar-me à frente do pelotão é que percebi a verdadeira dimensão deste grupo. Cerca de 2000 bicicletas rolavam rumo a Santarém, num percurso sem qualquer dificuldade, num ritmo tremendamente baixo, mas que ainda assim não foi do agrado de alguns, que se queixavam que os seus conta-quilómetros marcavam às vezes 50 km/h. O meu nunca acusou mais que 20 km/h, talvez esteja avariado. Volto a constatar que é mais fácil seguir na cabeça do pelotão, o ritmo lá à frente é mais certinho, não há repelões, e não se dá por acelerações, pelo que nos cansamos menos.
Durante o caminho foram-se juntando a nós cada vez mais equipas. Quando cheguei à feira, entre os da frente, foi curioso verificar que passados 3o minutos ainda havia gente a pedalar.
Ao almoço, em Almeirim, com a família, acabámos por partilhar mesa com uns companheiros de Constância, "Os Cansados", que tal como nós, buscavam os prazeres da Sopa da Pedra.
Sou ribatejano, nasci em Coruche, e lá vivi até aos 21 anos. Nunca vi uma bicicleta de corrida nos anos que lá vivi. Gostaria de ter encontrado cicloturistas da minha terra neste dia. Vi gente de Almeirim, de Canha, de Vendas Novas, de Samora Correia, da Raposa, de Benavente, de Montemor, de Alpiarça, do Granho, de Salvaterra, de Marinhais, dos Foros de Salvaterra, mas de Coruche népia, nada. Será que ainda não há ciclistas na minha terra? Ou só se dedicam ao BTT? As "24 de Coruche" em BTT são famosas. Senti-me um estrangeiro na minha própria terra. Senti que era um "alien" no meio de tanta gente, que tal como eu, se dedica ao ciclismo de estrada, mas que sendo "vizinhos" me eram desconhecidos. Já sou mais algarvio que ribatejano, e os únicos com os quais tenho alguma relação são os S. Teotónio, que sendo alentejanos, são quase, quase algarvios ( a propósito, Osvaldo, eles também foram a Portimão, para participar no passeio que nunca existiu, e que ninguém desmarcou).
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
207 - O QUE ESTÁ PARA VIR.
domingo, 17 de outubro de 2010
206 - OSVALDO, ESTE DIA FAZIA FALTA A MUITA GENTE.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
205 - CICLOTTE.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
204 - AS ALTIMETRIAS DA CICLOPEREGRINAÇÃO POR RUI MIGUEL CORREIA
Esta será a minha primeira ‘aventura’ em duas rodas, mas espero que corra sem problemas alguns.
Junto lhe envio os gráficos das etapas que iremos ter pelo caminho até Fátima.
Forte Abraço deste novo cicloturista.
Rui Miguel Correia – Albufeira
http://www.facebook.com/#!/pages/Cicloperegrinacao/160937493917929
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
203 - E SE ME TIVESSE PERDIDO?
As coisas tinham sido todas organizadas pela minha esposa e pela irmã, a Gena, que vive a mais de mil quilómetros de Joanesburgo. O marido da Gena, o João Felizardo, também ia participar na corrida, pelo que o plano era o seguinte: a Gena levava as bicicletas para a oficina ( Impey Cycles, do pai do Daryl Impey, corredor da Radioschack ) para serem montadas (vinham desmontadas, por terem vindo de avião, a minha de Portugal, e a do João, de East London), e dormíamos na casa do Tony, que eu não conhecia, amigo dos meus cunhados, também amante do ciclismo, e que também ia participar na corrida. Entre a nossa chegada à África do Sul e a corrida, passaríamos uns dias com a Gena numa reserva de caça, perto de Sun City, onde festejaria o meu 50º aniversário.
Regressámos numa 6ª feira, antevéspera da corrida, e ficámos na casa do Tony e da Ronel. O João, a braços com obrigações profissionais, só chegaria de East London no sábado.
O Tony levou-me, no sábado de manhã, a um lugar onde toda a "afición" joanesburguense se costuma reunir para umas pedaladas. Eram centenas de ciclistas, esperando pacientemente que os profissionais dessem ordem de arranque, mas cheios de adrenalina pela proximidade da corrida mais esperada do ano.
Eu, orgulhosamente vestido com as cores da Maia-Milaneza, no meio de um pelotão estranhíssimo (era a primeira vez que via ciclistas negros), excitadíssimo pela envolvência que me era totalmente nova, mas sem ter a mínima noção do que era pedalar. Habituado aos passeios de cicloturismo do Algarve, pensava que ciclismo era aquele rame-rame algarvio, e que bastava dar aos pedais para ser ciclista. É claro que não durei nem cinco minutos, fiquei logo para trás, a velocidade dos outros era uma coisa que nem me passava pela cabeça.
Comecei a fazer contas à vida, enquanto todos se afastavam. Vi-me sozinho, enquanto ao afastarmos-nos da zona urbana de Joanesburgo ia deparando com uma nova realidade africana, as "locations", os bairros de lata onde moram os habitantes negros. Ao longo da estrada estendiam-se as barracas miseráveis, onde a miséria gerava um desconforto no meu íntimo. Cadáveres de cabras e galinhas, fugidos das "locations" e atropelados na estrada, dificultavam ainda mais o pedalar.
Sensatamente o Tony deixou-se ficar para trás, temendo pela minha sorte. Já havia entendido que eu era fracote, e que o melhor era abdicar do treino e ficar a meu lado. E lá seguimos até ao café onde todos se reuniam após o treino.
Na altura não pensei muito no caso. Mas posteriormente dei comigo a pensar: nem sequer sabia o nome do Tony. Nem onde morava. Qual era o seu nome de família, qual era a sua rua, o seu bairro? Nada, rigorosamente nada. Sabia os nomes dos meus cunhados, mas eles nem sequer eram da cidade, viviam a mais de mil quilómetros de Joanesburgo. Se me tivesse perdido a quem iria recorrer? À polícia, muito provavelmente. Mas o que é que lhes ia dizer? Que estava em casa de não sei quem, numa rua desconhecida, num bairro que não imaginava qual.
Sei hoje, que ciclistas sem companhia, têm sido alvos fáceis dos ataques dos ladrões naquela zona, pelo valor comercial das bicicletas, tendo sido alguns barbaramente atacados. Por essa razão já ninguém treina sozinho naquela área.
Já me aconteceu ter perdido o contacto com toda a gente numa prova em Espanha, em que tive que abandonar a corrida, e o carro-vassoura não me deu assistência, mas Espanha não é África, e pelo menos sabia onde tinha deixado o meu carro, mas naquela situação não tinha a mínima referência.
A lição serviu-me para o futuro. Levo sempre o telemóvel comigo, e tenho na minha lista de contactos os números de companheiros espanhóis que eventualmente me poderiam desenrascar.