É difícil de dizer como é que esta amizade começou, até porque não é só com este clube, ainda ontem, ao entrar numa loja de bicicletas numa terra de Espanha, o funcionário se alegrou e me chamou pelo nome, conhecia-me, e eu reconheci-o, de termos pedalado juntos muitas vezes.
Lembro-me de uma foto em conjunto, tirada na minha primeira vez em Guillena, e que Juan Leal Romero, presidente do clube, me mandou pela Net. Lembro-me das brincadeiras que Manuel Carrasco teve comigo, depois da difícil subida do El Chorrito, com rampas de 18 por cento, dizendo palavrões em português, lembro-me de Júlio Carmona perguntar várias vezes se não haveria no meu país uma cicloturista porreira para eles fazerem também, mas sobretudo o que me salta à memória são os momentos em que, estando eu com dificuldades para me manter, ou voltar ao pelotão, sempre há alguém que me dá a sua roda, puxando por mim, incentivando-me, dando-me ânimo, não me deixando só. Pepe Camino, entre Lepe e Cartaya, protegendo o meu flanco do vento lateral fortíssimo, e Manuel, "el Viejo" com 75 anos, pedalando com sabedoria, três voltas de pedais e uma de descanso, levando-me ao pelotão, donde me havia descolado.
Esta amizade foi crescendo, foi-se cimentando com as suas vindas à minha terra, com a participação de companheiros da Juventude Desportiva das Fontaínhas na Marcha deles, com a presença dos Tokarolar de Almodôvar na Marcha de Brenes, e que todos muito presaram.
Tiveram a gentileza de me convidarem, e à minha esposa, para tomarmos parte da sua Festa de Natal, tendo mesmo providenciado hotel, para não termos de voltar a Albufeira depois do jantar. É uma festa de união, onde se juntam todos, com as suas famílias, para celebrarem momentos de fraternidade, de comunhão, de companheirismo. O Natal é o mote para umas horas de Amizade, aproveitadas também para fazer um balanço da época que termina, e planear aquela que se avizinha. Nesse sentido foram premiados aqueles que mais se distinguiram nas diversas facetas do Cicloturismo, os campeões do clube, e em reconhecimento pela sua dedicação às causas do clube, e ao seu trabalho em prol do mesmo, foi muito justamente, Juan Leal, homenageado pelos seus companheiros, que lhe ofertaram uma placa dedicatória.
Do mesmo modo tiveram a grande gentileza de me oferecerem uma placa que guardarei como prova de eterna Amizade, e pela qual fico imensamente agradecido, porque para além de ser uma demonstração de afecto entre companheiros do mesmo desporto, é para mim especialmente relevante, por me ter sido oferecida por camaradas de um país que não é o meu, provando assim que se os Homens quizerem, os valores da Amizade e da Fraternidade se elevam muito mais que quaisquer outros, derrubando diferenças, barreiras, fronteiras, religiões, cores, ideologias, culturas, hábitos, etc. Fomos habituados, pelo menos no meu tempo, a olhar para o país vizinho, como algo de suspeito, Nuno Álvares Pereira, a Padeira de Aljubarrota. Dizia-se que nem bom vento, nem bom casamento...Que parvoíce, tenho o maior respeito e o melhor carinho por esta gente, que sempre me recebeu da melhor maneira, e enquanto pedalo se chegam a mim, chamando pelo meu nome, e se alegram por eu estar ali a sofrer com eles as subidas, o calor do Verão da Andaluzia, as rectas intermináveis, os "repechos" que alongam o pelotão. E têem sempre uns minutos para porem o seu braço sobre os meus ombros e tratarem-me como amigo. No Domingo, 18 de Dezembro, senti-me um deles, como se fosse da Família.
Um Santo e Feliz Natal para si e para a sua familia e amigos.
ResponderEliminarQue em 2011 possamos continuar a disfrutar do seu blog.