domingo, 29 de março de 2009

104 - FRIO E VENTO NAS TERRAS DE SANTA MARIA











































Cerca de 150 ciclistas em representação do G.D. de Amaro Gonçalves, C.C. de Ermidas do Sado, Alturense, Casa do Benfica de Vila Real de Santo António, Águias do Guadiana, Santo Estêvão, Espichense, Coobital de Faro, Conceição de Tavira, Campesino do Monte Francisco, Juventude Desportiva das Fontaínhas, GD do Monte Figo, Galitos de Vila Real de Santo António, GC Cacelense, NDR do Livramento, N.C. da Luz de Tavira, Centro de Ciclismo de Portimão, N.S. de Moncarapacho, N. Sportinguista de Portimão. G.D. do Vale Caranguejo, bem como do clube anfitrião, União de Ciclismo de Tavira fizeram-se à estrada para enfrentarem uma manhã de sol radioso, mas com muito frio e rajadas de vento, que faziam perigar o andamento das bicicletas.Nota máxima para a escolha do percurso, muitas vezes palco da Volta ao Sotavento Algarvio, com subida ao lugar de Estorninhos, para grande satisfação dos bravos cicloturistas que participaram hoje, 29 de Março de 2009, no 7º Passeio nas Terras de Santa Maria.Excelente também a organização deste evento e o ambiente de convívio que a União de Ciclismo de Tavira sempre consegue oferecer aos seus convidados. A boa disposição e a franca camaradagem fizeram esquecer o intenso frio e o vento que não foram convidados mas teimaram em marcar presença no passeio de hoje.

domingo, 22 de março de 2009

103 - MEMÓRIAS DA ÁFRICA DO SUL

O meu cunhado João e o nosso amigo Necas participaram mais uma vez na Cape Argus Pick & Pay Cycle Tour no último dia 8 de Março, na cidade do Cabo, na África do Sul, a maior corrida de bicicletas do Mundo, este ano com quase 40 000 ciclistas.

O facto dos dois residirem na África do Sul poderia levar a pensar que tal facto não teria nada de extraordinário, mas o Necas vive em Joanesburgo e o João em East London, os dois lugares a centenas de quilómetros do Cabo. Para estarem presentes na corrida tiveram que se deslocar de avião, levando consigo as suas bicicletas. É claro que também levaram as famílias e aproveitaram o evento para uns dias de férias. Pelo exemplo deles podemos ter uma ideia da movimentação gerada pelos grandes eventos cicloturistas daquele país. Quarenta mil participantes é obra!!! Se pensarmos que as maiores corridas da Europa, a Quebrantahuesos e a Étape du Tour não vão além dos 7, 8 mil ciclistas, podemos imaginar a loucura que é organizar uma corrida para um tal número de participantes, a logística que isto implica e o nível de organização que se requer para que tudo funcione ás mil maravilhas. É uma experiência inolvidável, que um dia haverei de fazer. Não será fácil, porque trabalho em hotelaria, e as minhas férias são sempre no pico da estação baixa, lá para Novembro ou Dezembro, e sempre quando mais convém ao patrão. É difícil planear as coisas com a devida antecedência, e para tomar parte numa aventura destas há que pensar tudo muito bem, fazer a inscrição a tempo, reservar lugar no avião, combinar as coisas com o pessoal de lá para ter apoio logístico, etc.Em 2006 os referidos João e Necas juntaram esforços no sentido de me proporcionarem a possibilidade de estar presente na outra grande corrida do Mundo, a 94.7 Pick & Pay Cycle Challenge em Joanesburgo.

Com cerca de 35 000 participantes esta é a 2ª maior corrida do Mundo. Em tudo semelhante à outra, não tem no entanto o mesmo carisma, talvez por ser realizada numa cidade mais problemática e menos turística. Ainda assim um colosso de corrida...

Ia fazer 50 anos, e os meus cunhados, o João e a Gena ( a incrível Gena, mulher de armas, com um coração do tamanho do Mundo ) iriam juntar-se a mim e à minha mulher ( irmã da Gena, e igual a ela, grande companheira de aventuras e meu grande Amor ) em Joanesburgo, em casa do Necas e da Ronell. Chegámos 2 dias antes, vindos num voo de 12 horas desde Madrid. No avião levei a minha bicicleta desmontada e empacotada.



À chegada a Gena levou-me à loja do pai do Daryl Impey ( profissional da Team Microsoft, hoje na Barloworld) para que as bicicletas fossem montadas por um profissional. No dia seguinte o Necas levou-me a treinar com centenas de ciclistas, que se juntam todos os sábados num lugar pré-determinado para fazer uns quilómetros. Tive a oportunidade de mostrar o meu equipamento da Maia-Milaneza, o que me fez travar conhecimento com outros portugueses residentes em Joanesburgo e que se dedicam ao ciclismo. Á chegada juntam-se todos para um café e um bolo num centro comercial e o meu amigo apresentou-me aos profissionais da Team Microsoft, entre eles o filho do dono da Impey Cycles. À tarde fomos ao Centro Logístico levantar os dorsais. E, para meu espanto, aquilo era uma coisa do outro Mundo...Dezenas de balcões com voluntárias simpáticas para nos entregarem o dorsal e um saco com uma t-shirt alusiva à corrida, meias de ciclista, uma pulseira alusiva aos 10 anos da prova, barras energéticas, gel, etc,etc. Mais o chip para colocar na perna, para a contagem do tempo, já que com tanta gente, os participantes partem em grupos de 450 de cada vez...

Naturalmente que, com um nome complicado como o meu ( para eles...), não foi à primeira que deram com a minha inscrição. Mas a soberba organização logo resolveu o problema. Têm uma funcionária só para resolver os casos complicados.

Outra coisa que me deixou maravilhado foi a feira de ciclismo que organizam "como complemento" da corrida, e a funcionar junto ao Centro Logístico. Havia lá TUDO, mas mesmo TUDO o que se possa imaginar relativo ao ciclismo: desde bicicletas, roupa, acessórios, revistas especializadas, alimentação, etc. É uma excelente maneira de acabar o dia, envoltos em toda uma áurea de ciclismo, poder comprar "souvenirs" da corrida, poder experimentar uma Cérvelo com 3,5 kg, ver as últimas novidades do Mundo do ciclismo. E para rematar havia a possibilidade de tomar as refeições no próprio local, partilhando do clima de malucos das bicicletas.

E o grande dia chegou. Há um sistema de organização das partidas para que tudo funcione perfeitamente: 1º os profissionais ( entre eles o Hugo Sabido, que corria numa equipa sul-africana, a Team Barloworld ). Depois toda uma panóplia de categorias, profissionais femininas, júniores, tandems, handbikes, etc. Mais tarde os cicloturistas divididos segundo um sistema a que chamam "seeding", de tempos obtidos nesta e noutras corridas, de modo a evitar que os mais lentos se misturem com os mais rápidos, para que aqueles não prejudiquem os objectivos destes, que passam normalmente por obter um tempo melhor que o obtido noutras participações.

Assim, a corrida iniciou-se ás 5 da manhã, o Necas começou entre os primeiros amadores, por ter dos melhores tempos, depois foi a vez do João, e eu como não tinha "seeding" parti mesmo com os últimos de todos. Ou seja, ao classificar-me em 5 mil e picos tive que ultrapassar cerca de 30 mil ciclistas!!! O que, é claro, significa que muitas vezes queria passar e não podia, por a estrada estar completamente obstruída. E não fora esse facto talvez pudesse ter uma classificação melhor, para além da minha falta de experiência e da forma física muito primitiva que tinha então.

Passei tanta gente que acreditei que tinha feito um tempo espectacular. Puro engano: os que ultrapassei eram simplesmente piores do que eu. A minha média foi bastante baixa, e hoje sei que posso fazer bem melhor, aliás já o fiz em outras ocasiões. Também, partindo de entre os últimos, não pude beneficiar de pelotões organizados onde me pudesse integrar, e assim poder rolar a uma velocidade mais elevada. Fiz a corrida sempre sozinho e sabemos que assim nunca podemos fazer uma boa média.

Durante o trajecto passei por gente com símbolos portugueses: camisolas da, imagine-se, Sicasal Acral, da Troiamarisco, do Boavista e até de Portugal. E muita gente com camisolas com o galo de Barcelos ( de um clube sponsorizado por uma cadeia de chicken piri-piri sul-africana, a Nando's ), mas também de clubes portugueses da África do Sul.

No local da partida a animação é fantástica: "cheerleaders" como nos jogos de futebol americano, palcos com grupos musicais, palhaços, cuspidores de fogo...

Durante o percurso continua a animação. Em cada curva milhares de pessoas a assistir, gente que se instalou ao longo do percurso para ver a corrida e fazer um churrasco. Gente com raízes nos mais diversos países com símbolos nacionais para estimularem os ciclistas da sua pátria. E participavam cicloturistas de 56 países!!! O que não seria de espantar se fosse na França ou na Itália, mas ali, num continente longínquo, o facto de indígenas de 56 países se terem deslocado para participar revela o quão grande é a expectativa por esta corrida.
Pontos de abastecimento de tantos em tantos quilómetros, com água, cola, Energade, Fanta, tudo já em copos de plástico para não termos de parar. Sanduiches, bolos, barras energéticas, gel, frutos secos para quem desejar. Ambulâncias, postos médicos, massagistas a trabalhar ininterruptamente para curar as cãibras dos pior preparados. Oficinas de bicicletas para os azarados. E mais música, malabaristas, gente a fazer "bungee-jumping" de uma ponte sobre as nossas cabeças. E fotógrafos: cada participante recebe um autocolante para o capacete e outro para o guiador, com o número do dorsal. E a partir daí os fotógrafos conseguem retratar por diversas vezes ao longo do percurso CADA participante. É incrível como isto é verdade. Tirar a fotografia a 35 000 ciclistas, 5 ou 6 vezes em diversos pontos do percurso, identificá-los depois no laboratório, e enviar as fotos para casa de cada um é um trabalho só possível com uma ORGANIZAÇÃO a que não estamos habituados no nosso país.

A cidade pára por completo nesse dia. Sem espinhas. Desde as 4 da manhã até às 7 da tarde não há trânsito na cidade. Mesmo na autoestrada o trânsito é cortado. Nunca julguei ser possível correr de bicicleta numa autoestrada. Mas em Joanesburgo é possível. O povo compreende e aceita. A corrida é mais importante, e cada um organizará a sua vida de modo a viver esse dia com a cidade bloqueada. Passar na nóvel ponte Nelson Mandela de bicicleta foi outro momento marcante. Era uma coisa que nunca tinha imaginado.
À chegada contentores com gelo e bebidas energéticas. Tendas enormes com restaurantes de toda a espécie. E mais música, mais massagistas para recuperarem os que estavam em piores condições. E uma medalha para cada um que tivesse completado a corrida. E veículos especiais para levarem de volta aos parques de estacionamento os ciclistas e os seus acompanhantes, com atrelados especiais para levarem as bicicletas em perfeito estado. Nunca mais vi tal coisa na minha vida, só mesmo ali.
O vencedor foi quem eu tinha previsto e em quem havia apostado na véspera: Peter Velits da Konica Minolta, mais tarde campeão do Mundo de estrada sub 23. Acertar entre 35 000 concorrentes não é para qualquer um, modéstia à parte...

De volta a casa do Necas aquele companheiro já tinha um típico churrasco africano à nossa espera. Foi só tomar um banho, pegar na bejeca e começar a comer. Belo final para um dia memorável.

No dia seguinte partida para uma reserva de caça, onde iria festejar os meus 50 anos, e para Suncity, antes de um périplo por Moçambique. No caminho um telefonema da minha filha Cristina: "Pai, vais ser avô!". Haveria melhor maneira de festejar 50 anos?

E um OBRIGADO. À Gena, à Ronell, à Guito, ao Necas, ao João Felizardo, por me terem proporcionado dias tão maravilhosos.

sábado, 14 de março de 2009

102 - CASA DO BENFICA DE PORTIMÃO


























Alfredo Alves, Amílcar, Fernando, José Augusto, Manuel Ramos, Osvaldo Santos e um companheiro que não consegui saber o nome, mas que já pedalou comigo algumas vezes, eram no ano passado os elementos da Casa do Benfica de Portimão. Voltaremos a encontrar-nos por aí.

segunda-feira, 9 de março de 2009

101 - IX CLÁSSICA PORTIMÃO - FÓIA























O Centro de Ciclismo de Portimão organiza a nona Clássica Portimão Fóia, com data marcada para 7 de Junho. A partida está marcada para as 8,30 no Pavilhão Gimnodesportivo, sendo a concentração das equipas a partir das 7,3o da manhã.

As equipas participantes partem com um minuto de diferença entre cada, de modo a evitar grandes concentrações de ciclistas no percurso, já que sendo uma prova de roda-livre, cada um irá ao seu próprio ritmo. Os ciclistas individuais serão agregados a uma equipa já formada, para não pedalarem sós.

O percurso será: Portimão, Pereira, Marmelete, Chilrão, Monchique, Fóia e regresso a Portimão. Haverá um abastecimento sólido e líquido a meio do percurso.

Sendo um passeio de cicloturismo não haverá vencedores nem vencidos. No entanto o Centro de Ciclismo de Portimão terá uma recordação para cada participante e troféus para as equipas com mais de 5 elementos. No final haverá um almoço para os participantes.

O preço da inscrição é de 10 euros com almoço e de 2,50 euros para os participantes que não desejem almoçar.

Informações e inscrições pelos telefones 282458327 / 966007703, Fax 282458327 ou e-mail carlos.cruz56@clix.pt /chefesantos@sapo.pt e na Internet em http://www.cycloweb.com/content/view/1250/95/ até 2 de Junho de 2009.
Descarregar a ficha de inscrição na Internet em:http://www.cycloweb.com/pdf/IX%20Clássica%20Portimao.pdf

Este ano tentamos fazer da Clássica Portimão - Fóia um evento internacional e para já alguns clubes espanhóis confirmaram que estarão presentes nesse dia. Pretendemos um evento de convívio entre cicloturistas dos dois países e mostrar aos nossos visitantes a beleza do nosso Algarve, mas também o nosso companheirismo e a nossa simpatia. Pessoalmente tenho participado em muitos eventos no país vizinho e foi sempre com grande carinho que fui recebido lá.

Esperamos também cicloturistas não só do Algarve, mas também de outros lugares de Portugal. Afinal Portimão é um lugar magnífico para passar uns dias com a família, com a praia, a gastronomia, as noites magníficas. É possível aliar a prática do ciclismo com uns dias ou um fim-de-semana de férias.

terça-feira, 3 de março de 2009

100 - CICLOTURISMO OU CICLOTURISMO?

Podemos considerar este companheiro um cicloturista? Claro que sim! Aliás, que é isso de cicloturismo? Segundo a interpretação de uns, nomeadamente os brasileiros e a Wikipédia, cicloturismo é uma forma de fazer turismo utilizando a bicicleta como meio de transporte. E estão seguramente certos, e deve respeitar-se a ideia que têm de cicloturismo. Nela se incluem os passeios sociais promovidos pelos numerosos clubes de ciclismo e cicloturismo.

Já os espanhóis e os italianos usam a palavra cicloturismo para definir qualquer coisa mais perto de uma actividade ciclistica mais ligada a uma prática desportiva. Os franceses destrinçam entre cicloturismo e ciclodesporto, tal como os ingleses. Há os passeios para todos, a um ritmo bem leve e outros deliberadamente mais rápidos, de roda livre durante todo ou numa parte do percurso.

Para a União Ciclista Internacional não existe um conceito de Cicloturismo, bem como para a Federação Portuguesa de Ciclismo, antes sim um conceito de Ciclismo para Todos. Também os alemães, os suíços, os sul-africanos aderem a esta ideia: provas com prémios, algumas vezes abertas simultaneamente a profissionais e a amadores, outras vezes paralelas às provas dos profissionais, ou aproveitando as infraestruturas de uma prova para profissionais ( o caso da Étape du Tour, ou da Etapa da Volta a Portugal ).

No caso português verifica-se que no Norte, cada vez mais se adere ao exemplo espanhol ou italiano: um passeio perfeitamente informal, com um troço de roda-livre, onde os mais entusiastas podem dar asas ao seu pedalar. Quem quer pedala devagar, quem estiver interessado num pouquinho de competição também tem o seu espaço. Ora isto é realmente ciclismo para todos.

Muitos companheiros criticam os passeios e os clubes por organizarem passeios muito chatos, onde, segundo eles, as pessoas vão só por causa do almoço...É evidente que não é verdade. Eu participo nesses passeios e sei que as pessoas vão lá pelo passeio de bicicleta. É claro que o almoço é um excelente remate para um dia de convívio, e é importante para podermos conversar e estar com aqueles que partilham connosco o gosto pelas bicicletas.

Os companheiros que criticam os clubes isolam-se ao excluir-se deles. Pedalam sós ou em pequenos grupos, e desse modo nunca chegarão a poder desfrutar dos treinos que fazem. Nunca chegarão a poder mostrar os seus dotes ciclisticos. Para poderem mudar as coisas deveriam fazer parte dos clubes e ajudar dentro dos clubes a mudar as mentalidades, se fosse caso disso. Excluindo-se estarão sempre sós e nunca poderão esperar que alguém organize passeios ou competições à sua medida. Teriam que ser eles próprios a organizar-se em clubes, ou a juntarem-se a clubes activos, e então influenciarem as coisas para que nasçam no Algarve provas de cicloturismo mais interessantes.
No espaço de actuação da Associação de Ciclismo do Algarve organizam-se dois Passeios à medida dos companheiros que treinam arduamente para poderem estar em grande forma: a Clássica Portimão- Fóia e o Passeio de Almodôvar. Criticar só não chega: gostaria de vê-los nestas duas provas. Aí poderão dar largas ao seu entusiasmo. E proponho que nos juntemos para no âmbito da Associação de Ciclismo do Algarve criarmos uma Comissão de Ciclismo para Todos ou de Cicloturismo, como queiram chamar-lhe, para podermos dinamizar na nossa província o nosso desporto, provavelmente com a criação de um Circuito Provincial de Passeios de Qualidade, em colaboração com os Clubes.