Podemos considerar este companheiro um cicloturista? Claro que sim! Aliás, que é isso de cicloturismo? Segundo a interpretação de uns, nomeadamente os brasileiros e a Wikipédia, cicloturismo é uma forma de fazer turismo utilizando a bicicleta como meio de transporte. E estão seguramente certos, e deve respeitar-se a ideia que têm de cicloturismo. Nela se incluem os passeios sociais promovidos pelos numerosos clubes de ciclismo e cicloturismo.
Já os espanhóis e os italianos usam a palavra cicloturismo para definir qualquer coisa mais perto de uma actividade ciclistica mais ligada a uma prática desportiva. Os franceses destrinçam entre cicloturismo e ciclodesporto, tal como os ingleses. Há os passeios para todos, a um ritmo bem leve e outros deliberadamente mais rápidos, de roda livre durante todo ou numa parte do percurso.
Para a União Ciclista Internacional não existe um conceito de Cicloturismo, bem como para a Federação Portuguesa de Ciclismo, antes sim um conceito de Ciclismo para Todos. Também os alemães, os suíços, os sul-africanos aderem a esta ideia: provas com prémios, algumas vezes abertas simultaneamente a profissionais e a amadores, outras vezes paralelas às provas dos profissionais, ou aproveitando as infraestruturas de uma prova para profissionais ( o caso da Étape du Tour, ou da Etapa da Volta a Portugal ).
No caso português verifica-se que no Norte, cada vez mais se adere ao exemplo espanhol ou italiano: um passeio perfeitamente informal, com um troço de roda-livre, onde os mais entusiastas podem dar asas ao seu pedalar. Quem quer pedala devagar, quem estiver interessado num pouquinho de competição também tem o seu espaço. Ora isto é realmente ciclismo para todos.
Muitos companheiros criticam os passeios e os clubes por organizarem passeios muito chatos, onde, segundo eles, as pessoas vão só por causa do almoço...É evidente que não é verdade. Eu participo nesses passeios e sei que as pessoas vão lá pelo passeio de bicicleta. É claro que o almoço é um excelente remate para um dia de convívio, e é importante para podermos conversar e estar com aqueles que partilham connosco o gosto pelas bicicletas.
Os companheiros que criticam os clubes isolam-se ao excluir-se deles. Pedalam sós ou em pequenos grupos, e desse modo nunca chegarão a poder desfrutar dos treinos que fazem. Nunca chegarão a poder mostrar os seus dotes ciclisticos. Para poderem mudar as coisas deveriam fazer parte dos clubes e ajudar dentro dos clubes a mudar as mentalidades, se fosse caso disso. Excluindo-se estarão sempre sós e nunca poderão esperar que alguém organize passeios ou competições à sua medida. Teriam que ser eles próprios a organizar-se em clubes, ou a juntarem-se a clubes activos, e então influenciarem as coisas para que nasçam no Algarve provas de cicloturismo mais interessantes.
No espaço de actuação da Associação de Ciclismo do Algarve organizam-se dois Passeios à medida dos companheiros que treinam arduamente para poderem estar em grande forma: a Clássica Portimão- Fóia e o Passeio de Almodôvar. Criticar só não chega: gostaria de vê-los nestas duas provas. Aí poderão dar largas ao seu entusiasmo. E proponho que nos juntemos para no âmbito da Associação de Ciclismo do Algarve criarmos uma Comissão de Ciclismo para Todos ou de Cicloturismo, como queiram chamar-lhe, para podermos dinamizar na nossa província o nosso desporto, provavelmente com a criação de um Circuito Provincial de Passeios de Qualidade, em colaboração com os Clubes.
Olá companheiro Santos!!!
ResponderEliminarEu sou precisamente um daqueles que critica, não os clubes e os passeios mas, isso sim, que neste país não se pratique, efectivamente, um ciclismo para todos! Porque é que para "competir" tenho de me increver na federação como Veterano? Porque é que não posso ser mais um cicloturista - à semelhança do que acontece em toda a Europa, e o Chefe Santos sabe-o bem! - e participar em provas em que o andamento é total ou parcialmente livre? Porque é que neste país se teima em confundir andamento livre com o acabar um determinado percurso completamente estoirado? Porque é que uma prova de andamento livre não pode, também, ser um passeio, no qual podemos, se assim o desejarmos, andar com calma e disfrutar da companhia dos amigos, da paisagem, etc.? Acabo como comecei, amigo Santos: não critico os clubes nem os passeios. São absolutamente necessários e sem eles não haveria cicloturismo para todos. Foi nos passeios, aliás, que comecei a andar de bicicleta um pouco mais" a sério" e jamais renegaria dos mesmos. Agora, por favor, as federações, associações e clubes, comecem de uma vez por todas a organizar provas nas quais cada um ande aquilo que quer ou que pode, sem ter de estar limitado a circular atrás de uma viatura, condicionados a um ritmo de andamento determinado. DEIXEM ANDAR O PESSOAL!!!
Um grande abraço e espero vê-lo outra vez em Espartinas, companheiro!
Paulo Espada