Não vou poder lá estar. Bem que gostaria de estar presente num evento que pode estar a fazer história. E acredito que de algum modo dei a minha contribuição para o virar de página que este raid promete. É só um primeiro passo, gostaria de acreditar que muitos mais passos se seguirão.
Tenho escrito muitas vezes aqui sobre as cicloturistas espanholas, e bem sabem como me agrada ir correr a Espanha. Lá, quando se desenha o percurso de uma Cicloturista, a preocupação é encontrar o máximo possível de dificuldades, para a tornar atractiva aos olhos de quem eventualmente queira participar. Quanto mais difícil mais interessante.
Cá em Portugal escolhe-se o itinerário propositadamente de modo a evitar as dificuldades. Se há uma subida então vai-se por outro caminho...Só não entendo é, porque razão as pessoas que fogem do ciclismo à espanhola, compram bicicletas de corrida, equipamentos iguais aos dos profissionais, selins ultra-leves, etc., se afinal de contas não querem fazer ciclismo...Uma pasteleira e uns calções de ginástica serviriam para o propósito de dar umas voltinhas a 15 à hora, seguidas de um almoço à maneira.
Sabem aqueles, que alguma vez se atreveram a atravessar a fronteira, e participaram numa Cicloturista espanhola, que por lá, e na França, na Itália, na Inglaterra, etc., não se anda a 15, anda-se a 30, e às vezes a 40, e sempre existe uma parte do percurso em que o andamento é livre, e que nessa parte, para estimular a corrida, se outorgarão uns prémios para os melhores. Chama-se a isso Ciclismo Para Todos, e sendo uma das facetas do Ciclismo, deveria ser obrigação da Federação Portuguesa de Ciclismo, e consequentemente das suas associações regionais, a sua promoção e a sua organização. A outra face da coisa, o chamado Cicloturismo, como o nome indica, deveria ser obra da Federação Portuguesa de Cicloturismo, a entidade vocacionada para o Turismo em bicicleta, que são os passeios a 15 à hora.
Domingo não vou estar lá, porque tenho uma dívida de gratidão para com Manuel Cascales Jiménez e o Club de Ciclismo de Lora del Río. Vieram ao Portimão-Fóia e ao Passeio da Juventude Desportiva das Fontaínhas. A Marcha deles, a Javier Ramírez Abeja, disputa-se no mesmo dia. É minha obrigação estar em Lora del Río nesse dia.
Espero que o Inter-Concelhos seja um sucesso. Que não seja fácil. Que se ande rápido, que se dê aos participantes a possibilidade de fazer ciclismo a sério. Que possam viver a oportunidade de lutar contra os outros, de fazerem competição, de ultrapassarem, de seguirem na roda de outro, de arfarem, de lhes saírem os bofes pela boca, de terem cãibras, de saltarem de um grupo mais lento para outro mais forte, de fazerem a ponte entre dois grupos, de puxarem e serem puxados...Deixem o Turismo para os Turistas, nós queremos é Ciclismo.
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
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