segunda-feira, 14 de junho de 2010

178 - A AMIZADE EM ESPARTINAS.



Pastéis de nata! Pastéis de nata comeram-se ontem em Espartinas, Sevilha, por ocasião da 8ª Marcha Cicloturista Villa de Espartinas.

É já bastamente conhecida a amizade que me une aos companheiros daquela localidade dos arredores de Sevilha, e tinha uma dívida de gratidão para com eles. Por amizade vieram no ano passado participar na Portimão - Fóia, e por amizade juntaram-se a nós no Passeio do meu clube, Juventude Desportiva das Fontaínhas em Novembro.

Para retribuir essa visita formámos uma pequena delegação do nosso clube composta pelo Ricardo Diogo, o Francisco Costa e eu. Acordei às 4 da manhã, depois dum intenso dia de trabalho que se prolongou até às 10 da noite. Às 5 já estávamos a sair de Albufeira.

Fomos intensamente saudados à chegada a Espartinas. Não só pelos companheiros locais, mas por muitos que já me conhecem, e que eu, para ser honesto, tenho dificuldade em reconhecer. São tantos os que me saúdam que eu nem sei quem são.

Sabendo, pela experiência de algumas corridas mal sucedidas das últimas vezes, que deixar-me ir no final do pelotão me seria prejudicial, optei por colocar-me desde o início à cabeça. Ainda assim, ainda dentro de Espartinas, me vi surpreendido pelo ritmo incrivelmente rápido com que a corrida arrancou, e vi-me grego para conseguir não me deixar ficar para trás. Assim que me foi possível passei para a frente, e ali me mantive até ao final da prova. É extraordinário como se sofre muito menos se vamos à frente. Tinha aprendido isto na tropa, sabia que era assim, mas às vezes uma distracção, uma conversa com os outros, pagam-se muito caro. Se, por alguma razão perdemos a roda de quem segue à nossa frente, deixamos um metro de fosso, que rapidamente se transforma em dois ou três, fazemos um esforço suplementar para nos recolocarmos, e isso reflecte-se logo de seguida. Parar para urinar, para vestir um impermeável, pode ser fatal. Um camarada do Club Ciclista La Escalada que furou, foi ao carro-oficina trocar de roda, e posteriormente colocado atrás do pelotão. Mas o sair do carro e montar-se na bicicleta, foi suficiente para ficar cem metros atrás dos outros. Esforçou~se até à exaustão para recolar e quando logrou chegar até ao pelotão estava rebentado. Teve que abandonar a corrida...

Outra razão importante para ir na frente são as subidas, mesmo as mais ligeiras. Ali chamam-lhes "repechos", e são conhecidas por fazerem mossa em muita gente. Eu, por exemplo. Cada vez que tenho que enfrentar uma, sinto toda a gente a passar por mim. Por isso, se for bem colocado, sou ultrapassado por muitos, mas nunca chego a ficar para trás, e assim que a subida acaba, logro recuperar rapidamente, porque não sou mau a rolar, e volto de imediato à cabeça da corrida. O curioso é que se os da frente facilmente me ultrapassam, os mais atrasados são também facilmente ultrapassados por mim. Se acaso enfrento um "repecho" quando estou mal colocado, é-me muito fácil ultrapassar uma grande quantidade de gente.

Mais curioso, para mim, que só estou nisto desde os 48 anos, é que sendo péssimo a subir, se me vejo num grupo mais atrasado, tenho que ser eu a puxar por eles, quando se trata de subir.
Foi o que aconteceu quando deixámos o terreno plano e iniciámos a subida para o Puerto del Acebuche, onde estava instalada a meta do "tramo libre", um percurso de roda-livre de 23,5 km, com chegada ao alto. Os mais jovens e melhor preparados arrancaram que nem balas. Não tive pulmões para ir com eles. Conformei-me em seguir com os do meu nível. Sempre que de trás aparecia um com mais pedalada, eu seguia na sua roda, aproveitando para chegar a um grupo mais avançado, e depois seguir com eles. Até que finalmente encontrei um grupo que seguia ao meu passo. O que puxava exibia um "maillot" deveras curioso: anunciava aquilo que me parecia ser um "puticlub", uma casa de meninas...a fazer lembrar as camisolas da Associação Académica de Viseu, que são patrocinados por um bordel de Fuentes de Oñoro. Na verdade trata-se afinal, neste caso, de um Bar-Pub de Karaoke, e a menina estampada nas costas da camisola o que tem na mão é um microfone...Não cheguei entre os melhores, mas também não foi assim tão mau. Houve bastante gente que chegou muito depois de mim. O importante é constatar que ainda cá estou para as curvas, que afinal de contas ainda não são horas de arrumar a "burra". Passei por tempos de incerteza, mas provei a mim mesmo que vale a pena batalhar por aquilo que nos dá prazer. Domingo que vem vou a Almeirim participar na Rota da Sopa da Pedra, correndo pelos de Vila Real de Santo António.
Quanto ao resto da corrida de Espartinas não há muito a dizer. Decorreu na mais absoluta normalidade, sempre com os da frente, para evitar percalços. Ainda senti uma dorzinha numa perna, que depressa se desvaneceu, sinal de que estou mais ou menos em forma.

O almoço foi um "flop", não chegou para todos, como aliás tem sido habitual nas corridas espanholas. O que salvou a coisa foram os pastéis de nata que levámos para partilhar com os companheiros espanhóis, que ficaram deliciados com eles.










GALERIA FOTOGRÁFICA EM http://picasaweb.google.pt/joaocnsdias/Espartinas2010?feat=directlink#

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