sexta-feira, 29 de outubro de 2010

209 - AUDACE DE PORTIMÃO MUDA DE DATA.

O Audace de Portimão, anteriormente previsto para 28 de Novembro, em conjunto com o Passeio da Torrado Bikes, passa para 5 de Dezembro, na data inicialmente dada como Encerramento da época no Algarve.
Recorde-se que este é um evento de roda livre, mas sem objectivos de competição, onde cada um faz o percurso segundo a sua vontade, podendo rolar mais depressa ou mais devagar. A ideia é cada um sentir-se realizado por ter conseguido superar uma prova bastante difícil, mas sem a pressão de ter que correr até à exaustão.
Entretanto, já no domingo, dia 31, corre-se o "Caminhos do Infante", organizado pelo Ciclo Clube de Lagos, em velocidade moderada, mas ainda assim muito atractiva, de 25 km/h.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

208 - ESTRANGEIRO NA PRÓPRIA TERRA.

Foi o maior evento de cicloturismo em que participei em Portugal. Maior só a Pick & Pay 94.7 na África do Sul. Cerca de 2000 cicloturistas, por vezes por mais de 4 quilómetros de pelotão, quando na frente se pedalava um pouco mais forte.

É um tanto perigoso quando se junta assim tanta gente. Não sei exactamente se é preferível estar à frente ou atrás no pelotão. No meio é que não. Especialmente quando o carro que abre a corrida abranda de velocidade, ou antes de uma rotunda. Tivemos que travar a fundo muitas vezes, e houve mesmo algumas quedas feias.

Mas este facto de participar tanta gente era um dos motivos que me levava a querer participar neste passeio, integrado no FestivalBike, a feira de ciclismo de Santarém. Tinha curiosidade em saber como era fazer parte duma festa tão grande.

Queria ir a Santarém à feira. E juntando o útil ao agradável, resolvi participar num dos passeios promovidos pelas associações. A Batalha, ponto de partida do passeio promovido pela Federação Portuguesa de Ciclismo, ficava muito longe, pelo que decidi partir de Lisboa, juntando-me ao grupo organizado pela FPCUB. Isto possibilitava-me também reunir-me com a família, e tornava as coisas mais fáceis para a minha esposa, que seria o meu apoio logístico.

Não me apercebi que fossem assim tantos cicloturistas quando se deu o sinal de partida, mas quando pretendi chegar-me à frente do pelotão é que percebi a verdadeira dimensão deste grupo. Cerca de 2000 bicicletas rolavam rumo a Santarém, num percurso sem qualquer dificuldade, num ritmo tremendamente baixo, mas que ainda assim não foi do agrado de alguns, que se queixavam que os seus conta-quilómetros marcavam às vezes 50 km/h. O meu nunca acusou mais que 20 km/h, talvez esteja avariado. Volto a constatar que é mais fácil seguir na cabeça do pelotão, o ritmo lá à frente é mais certinho, não há repelões, e não se dá por acelerações, pelo que nos cansamos menos.

Durante o caminho foram-se juntando a nós cada vez mais equipas. Quando cheguei à feira, entre os da frente, foi curioso verificar que passados 3o minutos ainda havia gente a pedalar.

Ao almoço, em Almeirim, com a família, acabámos por partilhar mesa com uns companheiros de Constância, "Os Cansados", que tal como nós, buscavam os prazeres da Sopa da Pedra.

Sou ribatejano, nasci em Coruche, e lá vivi até aos 21 anos. Nunca vi uma bicicleta de corrida nos anos que lá vivi. Gostaria de ter encontrado cicloturistas da minha terra neste dia. Vi gente de Almeirim, de Canha, de Vendas Novas, de Samora Correia, da Raposa, de Benavente, de Montemor, de Alpiarça, do Granho, de Salvaterra, de Marinhais, dos Foros de Salvaterra, mas de Coruche népia, nada. Será que ainda não há ciclistas na minha terra? Ou só se dedicam ao BTT? As "24 de Coruche" em BTT são famosas. Senti-me um estrangeiro na minha própria terra. Senti que era um "alien" no meio de tanta gente, que tal como eu, se dedica ao ciclismo de estrada, mas que sendo "vizinhos" me eram desconhecidos. Já sou mais algarvio que ribatejano, e os únicos com os quais tenho alguma relação são os S. Teotónio, que sendo alentejanos, são quase, quase algarvios ( a propósito, Osvaldo, eles também foram a Portimão, para participar no passeio que nunca existiu, e que ninguém desmarcou).

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

207 - O QUE ESTÁ PARA VIR.


Já faz frio, de manhã, quando vou de bicicleta para o trabalho. Por todo o lado a maior parte dos cicloturistas e ciclodesportistas já encostou a burra, ou só muito esporadicamente é que a vai montando.
Não é o caso do nosso país, onde o Sol continua a brilhar, e onde ainda se vão organizando alguns eventos de final de época.
Domingo, 24, vou pela primeira vez à FestivalBike, a feira de ciclismo em Santarém. Junto o útil ao agradável e aproveito para participar no Passeio promovido pela FPCUB, que parte de Lisboa.
No domingo seguinte, 31 de Outubro, corre-se a "Caminhos do Infante", de Lagos a Aljezur, e volta. O Ciclo Clube de Lagos já nos habituou a excelentes passeios, e a uma espectacular organização. Além disso são ciclistas valentes e dá gosto pedalar com eles. Não vou faltar.
Para quem aprecia umas pedaladas mais cómodas, a União de Ciclismo Tavirense e a Juventude Desportiva das Fontaínhas organizam passeios a 7 e 14 de Novembro respectivamente.
Ao contrário dos últimos, para aqueles que gostam do ciclismo numa perspectiva mais desportista, há uma prova nesse mesmo dia 14 de Novembro, do outro lado da fronteira, mas ainda assim não muito longe. Disputa-se em Isla Cristina o Memorial José Cañavate - Gran Prémio de Isla Cristina, prova aberta a amadores e profissionais, sempre com grandes figuras do ciclismo internacional, nomeadamente Francisco Mancebo, Óscar Sevilla, David Arroyo, Pablo Lastras e outros.
Depois vem o ponto alto deste final de temporada, a 28 de Novembro, o Audace de Portimão, organizado pela Torrado Bikes, com o patrocínio da FPCUB. É um desafio a não perder, uma oportunidade soberana para quem gosta de sentir a adrenalina a fluir nas veias.
A 5 e a 12 de Dezembro encerra-se a época, para a FPCUB e para a Associação de Ciclismo do Algarve respectivamente, com programas ainda não divulgados.
Se as coisas correrem como previsto no meu trabalho, estarei de 5 a 12 de Dezembro na Volta Cicloturista à Gran Canária, uma prova por etapas, com prólogo e tudo. No dia 8 a Volta faz uma pausa, e disputa-se a Subida ao Pico de las Nieves, um lugar mais difícil que o Tourmalet, O Mortirolo ou o Anglirú. Será que sou capaz...?

domingo, 17 de outubro de 2010

206 - OSVALDO, ESTE DIA FAZIA FALTA A MUITA GENTE.


O despertador tocou às 7 da manhã. Nem me apetecia por aí além ir a este passeio, previa que fosse um desses monótonos passeios sem pinga de dificuldade, mas pronto, "noblesse oblige", sei que há gente que não prescinde de ver as fotografias no "Cycloweb", e esse era o meu principal motivo para ir ao passeio da Casa do Benfica em Portimão.

Cheguei cedo, porque gosto de ir fotografando os cicloturistas um a um, todos gostam de se rever na Internet. Pensei que a partida fosse no local do ano passado. Mas não, nem vivalma. Quiçá no sítio de antigamente, junto ao rio. Nem sinal de ciclistas nem de bicicletas. Voltei ao local inicial, aproveitei para perguntar no posto da polícia. Efectivamente, lá estava a indicação de que hoje estava programado um passeio de cicloturismo promovido pela casa do Benfica de Portimão, mas não havia indicação de haver sido solicitado o acompanhamento da PSP para o evento. Talvez no Arena, a Mamamaratona teve início lá na semana passada, agora está de moda, disse-me o guarda de serviço. Lá fui. Mas nada, mais uma vez.

Telefonei ao Carlos Cruz, do Centro de Ciclismo de Portimão, ele havia de saber...Uma vez mais não tive sorte, o telemóvel estava desligado, sinal de que o Carlos provavelmente ainda estaria a dormir, e que afinal de contas não havia passeio. Se houvesse, o Carlos e o Centro de Ciclismo de Portimão não iriam faltar.

Bem, só havia uma coisa a fazer. Já que estava ali, o melhor seria aproveitar a manhã e subir até à Fóia, é sempre um treino que me dá muito prazer.

Estava bué de frio fora do carro. Mas já haviam outros companheiros a caminho de Monchique.

Fui aquecendo com a dificuldade da subida. Ao ponto de suar abundantemente. O dia foi-se tornando lindo e quentinho. Ideal para a prática do ciclismo. Ou do cicloturismo...

Pena que o Osvaldo e os seus companheiros da Casa do Benfica não tenham anunciado que não podiam organizar o seu passeio. Um dia tão lindo certamente poderia ter sido aproveitado por outros clubes, sempre com grandes dificuldades para encontrarem datas disponíveis, num calendário tão preenchido, e alguns mesmo obrigados a recorrerem a datas quase impossíveis, em finais de Novembro, e mesmo em Dezembro, para não haver coincidência de eventos para o mesmo dia.

Não estou a criticar, Osvaldo. Podia ter acontecido a qualquer um, mesmo a mim, "errare humanum est". Só estou a chamar à atenção, para que de futuro se pense nestas eventualidades.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

205 - CICLOTTE.


Perguntarão que raio de objecto é este. Bem, é uma bicicleta de interior. Exactamente. Ciclotte é uma inovadora bicicleta de treino que conjuga tecnologia e design.
Concebida por um jovem engenheiro de Milão, Luca Schiepatti, Ciclotte rompe com as regras de design dos equipamentos tradicionais. A roda grande é o coração do projecto que faz lembrar as bicicletas do fim do século dezanove. Distingue-se também por um guiador em carbono e um écran táctil.
Em suma, um objecto muito em moda,que se integrará perfeitamente na sua sala de estar, se estiver disposto a dar 8 350 euros por ele.
Pode ser comprado em Portugal no site www.obravip.com, uma firma, não de bicicletas, como seria de supor, mas sim de decoração de interiores.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

204 - AS ALTIMETRIAS DA CICLOPEREGRINAÇÃO POR RUI MIGUEL CORREIA


Chefe Santos, é com enorme satisfação que leio os seus textos.
Esta será a minha primeira ‘aventura’ em duas rodas, mas espero que corra sem problemas alguns.
Junto lhe envio os gráficos das etapas que iremos ter pelo caminho até Fátima.

Forte Abraço deste novo cicloturista.


Rui Miguel Correia – Albufeira

http://www.facebook.com/#!/pages/Cicloperegrinacao/160937493917929

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

203 - E SE ME TIVESSE PERDIDO?

Esta recente participação no Granfondo Algarve, acompanhado pelo Tony, meu anfitrião em Joanesburgo aquando da Pick & Pay 94.7, no qual, devido à deficiente sinalização do percurso, o meu amigo se perdeu, fez mais quilómetros do que era devido, teve que voltar para trás, pediu indicações por telemóvel para saber por onde devia seguir, etc, trouxe-me à memória um erro de palmatória que me podia ter custado muito caro, quando estive na África do Sul.


As coisas tinham sido todas organizadas pela minha esposa e pela irmã, a Gena, que vive a mais de mil quilómetros de Joanesburgo. O marido da Gena, o João Felizardo, também ia participar na corrida, pelo que o plano era o seguinte: a Gena levava as bicicletas para a oficina ( Impey Cycles, do pai do Daryl Impey, corredor da Radioschack ) para serem montadas (vinham desmontadas, por terem vindo de avião, a minha de Portugal, e a do João, de East London), e dormíamos na casa do Tony, que eu não conhecia, amigo dos meus cunhados, também amante do ciclismo, e que também ia participar na corrida. Entre a nossa chegada à África do Sul e a corrida, passaríamos uns dias com a Gena numa reserva de caça, perto de Sun City, onde festejaria o meu 50º aniversário.


Regressámos numa 6ª feira, antevéspera da corrida, e ficámos na casa do Tony e da Ronel. O João, a braços com obrigações profissionais, só chegaria de East London no sábado.


O Tony levou-me, no sábado de manhã, a um lugar onde toda a "afición" joanesburguense se costuma reunir para umas pedaladas. Eram centenas de ciclistas, esperando pacientemente que os profissionais dessem ordem de arranque, mas cheios de adrenalina pela proximidade da corrida mais esperada do ano.


Eu, orgulhosamente vestido com as cores da Maia-Milaneza, no meio de um pelotão estranhíssimo (era a primeira vez que via ciclistas negros), excitadíssimo pela envolvência que me era totalmente nova, mas sem ter a mínima noção do que era pedalar. Habituado aos passeios de cicloturismo do Algarve, pensava que ciclismo era aquele rame-rame algarvio, e que bastava dar aos pedais para ser ciclista. É claro que não durei nem cinco minutos, fiquei logo para trás, a velocidade dos outros era uma coisa que nem me passava pela cabeça.


Comecei a fazer contas à vida, enquanto todos se afastavam. Vi-me sozinho, enquanto ao afastarmos-nos da zona urbana de Joanesburgo ia deparando com uma nova realidade africana, as "locations", os bairros de lata onde moram os habitantes negros. Ao longo da estrada estendiam-se as barracas miseráveis, onde a miséria gerava um desconforto no meu íntimo. Cadáveres de cabras e galinhas, fugidos das "locations" e atropelados na estrada, dificultavam ainda mais o pedalar.


Sensatamente o Tony deixou-se ficar para trás, temendo pela minha sorte. Já havia entendido que eu era fracote, e que o melhor era abdicar do treino e ficar a meu lado. E lá seguimos até ao café onde todos se reuniam após o treino.


Na altura não pensei muito no caso. Mas posteriormente dei comigo a pensar: nem sequer sabia o nome do Tony. Nem onde morava. Qual era o seu nome de família, qual era a sua rua, o seu bairro? Nada, rigorosamente nada. Sabia os nomes dos meus cunhados, mas eles nem sequer eram da cidade, viviam a mais de mil quilómetros de Joanesburgo. Se me tivesse perdido a quem iria recorrer? À polícia, muito provavelmente. Mas o que é que lhes ia dizer? Que estava em casa de não sei quem, numa rua desconhecida, num bairro que não imaginava qual.

Sei hoje, que ciclistas sem companhia, têm sido alvos fáceis dos ataques dos ladrões naquela zona, pelo valor comercial das bicicletas, tendo sido alguns barbaramente atacados. Por essa razão já ninguém treina sozinho naquela área.

Já me aconteceu ter perdido o contacto com toda a gente numa prova em Espanha, em que tive que abandonar a corrida, e o carro-vassoura não me deu assistência, mas Espanha não é África, e pelo menos sabia onde tinha deixado o meu carro, mas naquela situação não tinha a mínima referência.

A lição serviu-me para o futuro. Levo sempre o telemóvel comigo, e tenho na minha lista de contactos os números de companheiros espanhóis que eventualmente me poderiam desenrascar.