segunda-feira, 25 de outubro de 2010

208 - ESTRANGEIRO NA PRÓPRIA TERRA.

Foi o maior evento de cicloturismo em que participei em Portugal. Maior só a Pick & Pay 94.7 na África do Sul. Cerca de 2000 cicloturistas, por vezes por mais de 4 quilómetros de pelotão, quando na frente se pedalava um pouco mais forte.

É um tanto perigoso quando se junta assim tanta gente. Não sei exactamente se é preferível estar à frente ou atrás no pelotão. No meio é que não. Especialmente quando o carro que abre a corrida abranda de velocidade, ou antes de uma rotunda. Tivemos que travar a fundo muitas vezes, e houve mesmo algumas quedas feias.

Mas este facto de participar tanta gente era um dos motivos que me levava a querer participar neste passeio, integrado no FestivalBike, a feira de ciclismo de Santarém. Tinha curiosidade em saber como era fazer parte duma festa tão grande.

Queria ir a Santarém à feira. E juntando o útil ao agradável, resolvi participar num dos passeios promovidos pelas associações. A Batalha, ponto de partida do passeio promovido pela Federação Portuguesa de Ciclismo, ficava muito longe, pelo que decidi partir de Lisboa, juntando-me ao grupo organizado pela FPCUB. Isto possibilitava-me também reunir-me com a família, e tornava as coisas mais fáceis para a minha esposa, que seria o meu apoio logístico.

Não me apercebi que fossem assim tantos cicloturistas quando se deu o sinal de partida, mas quando pretendi chegar-me à frente do pelotão é que percebi a verdadeira dimensão deste grupo. Cerca de 2000 bicicletas rolavam rumo a Santarém, num percurso sem qualquer dificuldade, num ritmo tremendamente baixo, mas que ainda assim não foi do agrado de alguns, que se queixavam que os seus conta-quilómetros marcavam às vezes 50 km/h. O meu nunca acusou mais que 20 km/h, talvez esteja avariado. Volto a constatar que é mais fácil seguir na cabeça do pelotão, o ritmo lá à frente é mais certinho, não há repelões, e não se dá por acelerações, pelo que nos cansamos menos.

Durante o caminho foram-se juntando a nós cada vez mais equipas. Quando cheguei à feira, entre os da frente, foi curioso verificar que passados 3o minutos ainda havia gente a pedalar.

Ao almoço, em Almeirim, com a família, acabámos por partilhar mesa com uns companheiros de Constância, "Os Cansados", que tal como nós, buscavam os prazeres da Sopa da Pedra.

Sou ribatejano, nasci em Coruche, e lá vivi até aos 21 anos. Nunca vi uma bicicleta de corrida nos anos que lá vivi. Gostaria de ter encontrado cicloturistas da minha terra neste dia. Vi gente de Almeirim, de Canha, de Vendas Novas, de Samora Correia, da Raposa, de Benavente, de Montemor, de Alpiarça, do Granho, de Salvaterra, de Marinhais, dos Foros de Salvaterra, mas de Coruche népia, nada. Será que ainda não há ciclistas na minha terra? Ou só se dedicam ao BTT? As "24 de Coruche" em BTT são famosas. Senti-me um estrangeiro na minha própria terra. Senti que era um "alien" no meio de tanta gente, que tal como eu, se dedica ao ciclismo de estrada, mas que sendo "vizinhos" me eram desconhecidos. Já sou mais algarvio que ribatejano, e os únicos com os quais tenho alguma relação são os S. Teotónio, que sendo alentejanos, são quase, quase algarvios ( a propósito, Osvaldo, eles também foram a Portimão, para participar no passeio que nunca existiu, e que ninguém desmarcou).

1 comentário:

  1. Amigo João Santos,

    A média foi baixa (24,1Km/Hora) retirada em vários ciclomputadores, se o amigo João não passou dos 20Km/Hora de certeza que chegou 1h atrasado, também não é preciso exagerar...

    Espero que tenha gostado!

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