segunda-feira, 6 de julho de 2009

121 - O JOAQUIM MARTINS

Quando, ao entrarmos em Monchique, no decorrer da Portimão - Fóia, e antes de se iniciar a ascensão para o Alto da Fóia, lhe anunciei que não ia subir, e que tencionava voltar para Portimão, a sua reacção deixou-me sem margem de manobra:"Nem pensar", disse ele, "Não vim até aqui para desistir, é que nem quero ouvir falar de tal coisa, vim cá para fazer tudo até ao fim, faça chuva ou faça sol!!!".
Eu já tinha subido a Fóia dezenas de vezes, não era importante para mim subir mais uma vez. Chovia, tinha os ossos gelados, a estrada escorregava, ele já tinha estado na eminência de cair, as rodas não agarravam no asfalto e isso dava uma sensação de insegurança. Se ali em Monchique estava assim, como estaria no Alto da Fóia?
A partir da dificuldade anterior tínhamos ficado juntos. Passámos por dezenas de outros ciclistas. Lentamente íamos caçando quem nos surgia pela frente e deixávamos para trás. Às vezes dava a sensação que ele não ia aguentar, mas não, continuava sempre comigo.
Perante tal convicção nem fui capaz de argumentar fosse o que fosse. Vamos embora para cima, que se lixe a chuva.
Pelo caminho passou o João confortavelmente instalado no carro do Benfica de Portimão. Exclamou qualquer coisa e riu-se de não ter obtido resposta. Estávamos tão cansados que não podíamos falar, e o João ria-se disso...
Não pude deixar de pensar nos ciclistas domingueiros que não vão aos passeios dos clubes por ser tudo muito fácil e vagaroso. Tinham ali uma óptima oportunidade de mostrar o que valiam e desfrutar de uma corrida verdadeiramente à sua medida, dura quanto baste. Mas não, nenhum apareceu, nenhum veio mostrar-se. Mas o Joaquim ali estava, decidido a ir até ao fim e nem admitia a ideia de voltar para baixo.
É com gente assim que dá gosto de pedalar. Ainda um dia iremos a Espanha juntos.

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